ricardo alves

por Rodolfo Rocha


*Escrito por ocasião da participação do artista na exposição coletiva Fine Art Universiade U-35, no Museu de Arte de Tsukuba, Japão, entre novembro e dezembro de 2017.


Em seus trabalhos mais recentes, o artista plástico brasileiro Ricardo Alves volta sua atenção à pintura de explosões, das quais acabou se aproximando através da busca de imagens curiosas e misteriosas do espaço sideral – um tema com o qual vem trabalhando nos últimos anos. Tomando a fotografia como ponto de partida, o artista constrói na tela sua própria visão, manipulando cor, luz e formas, buscando assim afastar-se de uma espacialidade fotográfica e da forma naturalista, assim entrando no território do imprevisto.

O próprio processo artístico de Ricardo Alves tem uma relação direta com o tema das explosões, deixando margem para o acontecimento de falhas, imprevistos e frustrações. Neste ponto, a tensão entre imagem fotográfica e construção pictórica torna-se bastante evidente devido às marcas de pincel, manchas e inúmeras camadas de tinta, nos lembrando de que esta é uma representação artística e estetizada da nossa realidade visível.

Além disso, a ‘frustração’ parece ser um dos temas centrais dessas obras. Se por um lado cada um de nós precisa lidar com suas próprias falhas e frustrações de modo solitário – necessidade essa realçada pelo protagonismo de certos elementos na tela, que muitas vezes tomam todo seu espaço –, por outro temos a necessidade pessoal de explosão, como um momento de catarse e libertação. Talvez isso seja o que mais nos atrai nestas imagens. A possibilidade de explosão de nós mesmos para além de nosso próprio corpo. No dia seguinte talvez acordemos um pouco cansados, mas certamente renovados.